Bernardo Candal (Formado em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro)
Olhem que curioso: de alguns dias pra cá, em todas as grandes mídias do mundo, do The Economist, New York Times ao O Globo e DW Brasil, surgiu um repentino interesse no bem estar da população do Líbano contra o governo corrupto e contra a reeleição do Lukashenko na Bielorrússia.
O presidente francês vai voando ao Líbano, ex colônia, querendo dar lições de moral e civilidade, pedindo ordem e o fim do atual governo. O mesmo Macron que defendeu bombardeios na Síria quer dar lições de moral a alguém, achando que os interesses neocoloniais da França passam batidos e que pode fazer a todos de idiotas.
Já a Bielorrússia, antiga parte da URSS, é um dos países que não seguiu a cartilha neoliberal desde a tragédia da queda do muro de Berlim, tendo economia planejada, produção industrial robusta e mais complexa, além de indicadores sociais melhores do que seus vizinhos ex-soviéticos. Lá há preocupação com democracia, na Arábia Saudita, parceira do ocidente e uma monarquia medieval, vai tudo bem.
Esse surto de “humanismo” não se vê com relação a Bolívia, que teve seu presidente golpeado, exilado, com admissão de interesse no golpe do Elon Musk e que vive uma greve geral há dias, em protesto contra o adiamento das eleições que serão vencidas novamente pelo candidato do Evo.
Jeanine Áñez, a golpista oriunda da elite branca, aliada das igrejas neopentecostais, racista que nunca aceitou as conquistas dos indígenas, que leu a bíblia ao assumir, é uma líder respeitável pra esses veículos, não causa escândalo e a Bolívia simplesmente sumiu do mapa. É ideologia e canalhice em estado puro.