A camarada chilena Marta Harnecker, intelectual revolucionária, que tanto colaborou na luta dos povos, morreu aos 82 anos ontem, sábado (15 de junho), em decorrência de tumores no cérebro. O Centro Cultural Camarada Velho Toledo publica em sua homenagem e memória, pequenos fragmentos de seu clássico “Estratégia e Tática”.
“(…) Nem todo profundo conhecedor das leis da guerra chega a ser um brilhante estrategista. Desempenha aqui um papel, um elemento intuitivo que não se pode aprender em nenhuma academia militar. Os grandes estrategistas se revelam na própria luta.
Simplificando, dizemos que em linguagem militar se chama estratégia a uma forma em que se planifica, organiza e orienta os diversos combates (campanhas e operações), tendo em conta uma visão do conjunto de todas as forças com que se conta e as forças inimigas, para conseguir o objetivo fixado: ganhar a guerra contra determinados adversários.
Se chama tática às distintas operações que se executam concretamente para levar a cabo os combates de acordo com o plano estratégico geral. Por exemplo, se podem dar passos táticos como os seguintes: interromper as comunicações do inimigo, o fornecimento de alimentos, etc., incendiar os lugares adjacentes para formar um ambiente irrespirável, simular ataques em um ponto e executá-los em outro, simular uma retirada e atacar na continuação, tender a uma emboscada contra os reforços, etc..
Por último, se chama objetivo estratégico final ao objetivo que se persegue no final.
(…) Se denominam objetivos estratégicos parciais aos objetivos perseguidos em cada etapa particular da luta.
(…) A relação entre um objetivo estratégico parcial e o objetivo estratégico final, e entre a estratégia e a tática é uma relação entre o todo e a parte.
(…) A estratégia e a tática formam parte da ciência da direção política revolucionária.
Se entende por estratégia e tática de um partido “sua conduta política, quer dizer, o caráter, a orientação e os procedimentos de sua atuação política” (Lenin. Julho de 1905. Duas táticas da socialdemocracia na revolução democrática) em relação a uma situação política concreta. A estratégia revolucionária determina o caminho geral por onde deve canalizar a luta de classes do proletariado para conseguir seu objetivo final: a derrota da burguesia e a instauração do comunismo, quer dizer, é a forma como se planifica, organiza e orienta os diversos combates sociais para conseguir este objetivo.
(…) Do exposto anteriormente podemos concluir que os problemas táticos têm a ver com a atividade política concreta da vanguarda revolucionária. Esta deve ser capaz – afirma Lenin – de “fornecer respostas absolutamente claras, que não admitam interpretações”, às perguntas concretas da atividade política.
A tática deve determinar o que fazer específico de acordo com as circunstâncias históricas concretas e não só de acordo com os “desejos subjetivos” da vanguarda, porque isso significa “condenar ao fracasso”.
(…) A tática deve adaptar-se às diversas situações. Cada vez que surge uma nova conjuntura política, esta deve responder com formas de organização e de luta apropriadas a essa nova situação.
Mas a tática não só tem que considerar as diferentes formas em que se vá produzindo o enfrentamento social senão também estar atenta à correlação de forças existente em cada situação concreta, e deve ser capaz de caracterizar corretamente a situação concreta que se vive: se se trata de um período de calma ou de acumulação de forças; de um período pré-revolucionário ou de um período revolucionário; se a revolução já está madura e já é chegado o momento de lançar o assalto do poder.
A tática deve conseguir organizar a ofensiva mais decidida quando a correlação de forças é favorável às forças revolucionárias e deve saber organizar uma retirada ordenada quando a correlação de forças volta a ser desfavorável.
(…) A tática revolucionária é o conjunto de orientações concretas que se formulam para pôr em prática a estratégia revolucionária a cada nova conjuntura política.”