Pepe Escobar é jornalista e correspondente de várias publicações internacionais
Matéria Especial para Asia Times (https://www.asiatimes.com/2020/01/article/trump-wants-out-is-bound-to-de-escalate/). Tradução de Patricia Zimbres (247).
Mesmo antes de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, falando da Casa Branca, ter-se dirigido à opinião pública mundial logo após o ataque de mísseis iranianos em retaliação ao assassinato do Major General Qasem Soleimani, uma fonte do primeiro escalão da inteligência norte-americana já havia me enviado a seguinte análise em resposta a uma pergunta detalhada:
“É muito pouco provável que Trump, a essas alturas, venha a escalar o conflito, e isso pode dar a ele a oportunidade de abandonar o Oriente Médio, com a exceção dos Estados do Golfo. Trump quer sair de cena. O fato de que Israel seria o próximo alvo dos ataques do Irã [como prometido também pelo Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica e pelo secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah] provavelmente fará com que os israelenses recuem e evitem ordenar que Trump bombardeie o Irã”.
“O DEBKA-Mossad reconheceu que não há defesa possível contra os mísseis ofensivos do Irã. Seu segredo é que eles voam muito próximos ao solo, abaixo das telas dos radares”, acrescentou essa fonte, referindo-se ao míssil cruzeiro Hoveizeh, com alcance de 1.350 quilômetros, já testado por Teerã.
“O que é estarrecedor é o Iraque ter permitido a presença de tropas dos Estados Unidos em seu país depois de mais de um milhão de iraquianos terem sido assassinados pelos Estados Unidos, se incluirmos as 500.000 crianças mortas, como a própria Madeleine Albright reconheceu. Membros da realeza dos Emirados Árabes me disseram que isso acontece porque o Iraque é mais corrupto que a Nigéria”.
Judd Deere, o secretário de imprensa adjunto da Casa Branca, confirmou na terça à noite a informação que só fui postar no Facebook na quarta pela manhã, porque fui suspenso do Facebook por 24 horas em razão de meu relato sobre o assassinato de Soleimani.
Na versão da Casa Branca, o Presidente Trump, em um telefonema, agradeceu a Tamim bin Hamad Al Thani pela parceria do Qatar com os Estados Unidos, e os dois conversaram sobre o Iraque e o Irã.
O próprio chanceler iraniano Javad Zarif descreveu os ataques de mísseis iranianos como uma “reação proporcional”.
E isso explica por que Trump não foi à televisão na noite de quinta-feira para anunciar uma guerra total – por mais altos que fossem os latidos dos neoconservadores que pediam guerra.
Ainda não temos os detalhes – porque ninguém está falando – mas há muita diplomacia de ultra-alto nível acontecendo nos bastidores, especialmente entre o Irã e a Rússia, com os chineses em alerta máximo, mas mantendo grande discrição.
Há amplo consenso em meio ao Eixo da Resistência de que a China é mais importante do que pensam os próprios chineses. Principalmente no Levante, onde todos veem a China como um futuro parceiro, que progressivamente irá substituir a hegemonia norte-americana.
Nas atuais circunstâncias, as conversações diplomáticas entre o Irã e a Rússia trazem o imprimatur chinês – uma vez que há uma forte presença da Organização de Cooperação de Xangai. O Presidente Putin vem participando ativamente nesse tabuleiro de xadrez: ele esteve recentemente na Síria e, em seguida, na Turquia. E, segundo fontes russas, o Ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov, vem enviando algumas mensagens adequadas ao Secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, em termos nem um pouco vagos.