Joaquim Câmara Ferreira
Joaquim Câmara Ferreira (Jaboticabal – São Paulo, 5 de setembro de 1913 – São Paulo, 23 de outubro de 1970), também conhecido como “Velho” ou Comandante “Toledo”, foi militante e dirigente comunista brasileiro, integrante do antigo Partido Comunista do Brasil (PCB), comandante da Ação Libertadora Nacional (ALN), e guerrilheiro na luta armada contra a ditadura militar, instalada no país em 1964. Neste período do regime militar, tornou-se mais conhecido por ser um dos comandantes do sequestro do embaixador norte-americano no Brasil, Charles Burke Elbrick, em setembro de 1969.
Segundo homem mais importante da ALN, Câmara Ferreira cumpriu a tarefa de comandar a Organização depois da despedida física do Comandante Marighella. Mas não tardou muito, e Joaquim acabou morto por agentes da ditadura.
Câmara Ferreira: o jornalista do PCB, o guerrilheiro da ALN
Câmara entrou para o PCB em 1933, aos 20 anos e, por exercer a profissão de jornalista, dirigiu os jornais do Partido, como o jornal Hoje. Em 1937 entrou na clandestinidade depois do golpe do governo Getúlio Vargas. Preso durante o Estado Novo, como sequela das torturas sofridas, ficou sem ter unhas nas mãos. Com o restabelecimento da democracia no país, em 1946 elegeu-se vereador em Jaboticabal, sua terra natal no interior de São Paulo, mas com a cassação do registro do PCB no ano seguinte, perdeu o mandato. Na clandestinidade, em 1948 viajou para a União Soviética para aprofundar-se no estudo do marxismo-leninismo. Em 1964 foi preso depois de proferir palestra para operários de São Bernardo do Campo, sendo solto pouco tempo depois, quando voltou à clandestinidade, e então condenado à revelia a dois anos de prisão. Em 1967, após inúmeros golpes na condução do VI congresso do PCB, que teria vitoriosa a linha marighellista de luta armada contra a ditadura e pelo socialismo, Câmara Ferreira e o próprio Marighella deixariam o PCB, por terem tomado a decisão comunista de não aceitar a resistência pacífica contra a ditadura e por não suportarem tamanho ataque às vontades da base partidária, que largamente manifestavam posição pelas teses marighellistas.
Da antiga “Ala Marighella” do PCB, surgia o então “agrupamento comunista de São Paulo”, que mais tarde seria chamado de ALN (Ação Libertadora Nacional). Usando neste período de clandestinidade os codinomes de “Toledo” e “Velho”, em setembro de 1969, Câmara Ferreira atuou como comandante político do sequestro do embaixador norte-americano Elbrick, realizado no Rio de Janeiro, estrategicamente na semana da Pátria.
Além da ALN, também participaram do sequestro integrantes de outra organização clandestina, conhecida como Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8). Em seguida, quando as forças policiais e militares procuravam os sequestradores, Câmara foi para o exterior. E de lá acabou sabendo da morte de Marighella, seu grande camarada e principal dirigente da ALN. Em novembro do mesmo ano (1969), voltou ao Brasil via Cuba – onde concedeu entrevista à Rádio Havana, dissertando sobre os princípios revolucionários de Marighella –, para assumir o comando da ALN, dando continuidade à reestruturação do grupo e recebendo os guerrilheiros que ainda estavam em Cuba para juntos implantarem a guerrilha rural, pautado na experiência cubana, vietnamita e chinesa.
Despedida física
Preso na noite de 23 de outubro de 1970 no bairro de Indianópolis, na capital paulistana, pela equipe do delegado Sérgio Fleury, Câmara foi levado a um sítio clandestino nas proximidades da cidade, onde foi torturado e morreu não resistindo aos maus tratos. Foi enterrado pela família no cemitério da Consolação, em São Paulo. No entanto, a despedida física do Camarada Comandante Joaquim Câmara Ferreira, nosso Velho Toledo, é pequena diante da grandeza de seu legado, o qual o Centro Cultural Camarada Velho Toledo visa manter vivo.