A madrinha do samba morreu fisicamente em 30 de abril de 2019.
Beth Carvalho, oriunda de uma família das camadas altas da zona sul do Rio de Janeiro, não era uma simples voz/ou compositora brasileira, e sim, uma esclarecida politicamente e declaradamente socialista. Apelidada de madrinha, compreendeu e viveu a revolução musical que partia do Cacique de Ramos, com o modo diferente de se tocar samba, com a introdução do banjo; Beth abraçou o movimento e levou tudo para seu disco, colaborando para a revelação de artistas como Zeca Pagodinho e o grupo Fundo de Quintal. Mas antes disso, a mangueirense Beth já tinha potencializado a obra de grandes sambistas tradicionais como Nelson Cavaquinho e Cartola, gênios consagrados nas favelas mas esquecidos pela indústria de entretenimento.
Sua relação com a política, parte do princípio em que seu pai, foi um aguerrido advogado perseguido pela ditadura militar. Beth entendia que o samba se tratava de uma manifestação cultural vivida e reinventada pela classe trabalhadora brasileira. Em diversas entrevistas enfatizou que o samba é do “povão” e de esquerda, denunciou que a CIA queria acabar com o samba como parte de seu projeto de dominação imperialista que abrange também a cultura, além disso, Beth sempre se posicionou ao lado de Brizola, Fidel Castro e Hugo Chávez.
O socialismo para ela era o único modelo que poderia salvar o futuro da humanidade. A voz de Beth seguirá eternizada nos bares e botequins, nas esquinas do samba, e nas vidas de muitos trabalhadores do nosso Brasil. Simbolicamente, ela foi enterrada no dia internacional do trabalhador, descansou defendendo os nossos e será celebrada para sempre como uma bandeira cultural de nossa luta.
Beth, nós te prometemos: a CIA não acabará com o samba, nem destruirá a grandiosa cultura popular brasileira! Lutaremos para manter vivo o seu legado. Viva Beth Carvalho! Viva a arte popular da nossa classe trabalhadora!
Brasil, 02 de maio de 2019.
Centro Cultural Camarada Velho Toledo – CCCVT