A luta antirracista e o enfrentamento contra Bolsonaro

Silvia Maria (Militante da Organização A Marighella – CPR e Secretária-Geral da Ação Libertadora Estudantil – ALE)

 

Diante da política governamental mais genocida desde a época da escravidão, a situação dos trabalhadores negros e das trabalhadoras negras no Brasil é a pior possível atualmente, ainda mais com a pandemia e a falta de auxílio emergencial.

Por isso, mais do que nunca é hora de saber usar a ferramenta de unificação da luta contra as opressões, em especial nesse caso da luta antirracista, com o enfrentamento contra esse governo protofascista.

Casos como o que aconteceu nos EUA com o assassinato de George Floyd, que fizeram ecoar uma onda de revoltas espontâneas das massas populares estadunidenses, são infelizmente fatos comuns e recorrentes no nosso país. Vivemos em uma sociedade de classes, vivemos em uma sociedade capitalista, tão logo, uma sociedade racista, machista e lgbtfóbica. Uma sociedade que todo dia mata crianças negras, como João Pedro, Agatha e tantas outras que nem foram divulgadas!

É chegada a hora de entender que não basta ser racista, é preciso ser antirracista, mas mais do que isso é preciso propor uma solução! E a solução é o Socialismo e o progresso, progresso humano nesse caso, progresso no sentido de fomentar um novo país que efetivamente vise erradicar o racismo. É chegada a hora de avançar a compreensão de que é preciso muito mais, mas muito mais mesmo, do que pautar representatividade!

Não será o “empoderamento” nem o “afroempreendedorismo”, muito menos outras lacrações de redes sociais, que resolverão o drama do racismo! Longe disso! Obama acabou com o racismo nos Estados Unidos? O mesmo vale para a crença identitária no movimento feminista: Dilma acabou com o machismo no Brasil? Muito pelo contrário, a representatividade é o “lucro do lacre” para os capitalistas! Nossa luta não é simbólica! Nossa luta deve ser materialista, é dialética, é histórica! A escravidão não foi simbólica, ela foi real, e a sua dívida segue com os assassinatos de João Pedro, de Aghata e de tantas outras crianças!

Os pobres trabalhadores negros, e nós estudantes, que somos filhos e filhas da classe trabalhadora negra e pobre deste país, precisamos nos unir fortemente para lutar contra o Governo Bolsonaro! Devemos nos afastar de tendências identitárias que esvaziam a luta com pautas diversionistas e divisionistas! Não podemos nos dividir por cor de pele, não podemos cair em debates vazios de quem é mais ou menos negro!

Embora a gente saiba a triste origem da miscigenação, iniciada na escravidão dos negros e dos indígenas, embora a gente saiba disso, não podemos voltar no tempo, não podemos brigar com a realidade concreta do povo brasileiro há séculos! O povo brasileiro é majoritariamente mestiço em traços fenótipos, é o que se popularizou dizer “moreno”. Mas o moreno e a morena, mais claro ou mais escura, é NEGRO, é NEGRA no cotidiano racista, logo sofre racismo, em menor ou maior grau, mas sofre! Por isso, é sem propósito forçar esse debate entre negros e negras do povo trabalhador brasileiro!

Lembrem: nós somos a maioria! A maioria do povo brasileiro é não-branca! Por isso, a luta contra o racismo aqui, vinculada totalmente a luta pelo Socialismo, tende a vencer! E venceremos!
Ainda viveremos em um Brasil sem racismo, sem machismo, sem lgbtfobia, ou seja, ainda viveremos em um Brasil Socialista!